Só queria que alguém ficasse, que alguém permanecesse. É triste ver pessoas que amei fugirem-me por entre os dedos, sem nada poder fazer. Aliás, talvez poder, até pudesse, mas sou demasiado orgulhosa para isso. Já me humilhei vezes suficientes ao pedir desculpa por algo que nem sequer tinha a culpa, apenas para não deixar alguém ir embora. Apenas para manter alguém ao meu lado, porque sentir-me humilhada doeria menos do que perder essa pessoa. Seria algo que eu pensava não suportar. A verdade é que começo a descobrir-me a mim mesma agora. Começo a ver quem sou e vejo que sou mais forte do que o que pensava. E isso agrada-me. Agrada-me porque sinto-me pronta para enfrentar situações que antes não conseguiria. Agrada-me porque estou mais confiante de mim própria. Agrada-me porque me sinto mais capaz de encontrar o meu próprio caminho para a felicidade. Mas e o que ganho eu ao tentar ser feliz e cuidar de mim? Palavras de desânimo. Nada mais do que isso. "Mudaste". "Parece que já não tens sentimentos". É isto que eu ganho. Sim, mudei; mudei porque senti necessidade disso. E não, não estou uma pessoa fria nem sem sentimentos. Eu nunca, mas nunca mesmo, me tornaria numa criatura vazia por dentro. Simplesmente é-me impossível. Talvez eu até sinta mais agora; talvez eu até sofra mais agora; talvez eu até ame mais agora. Talvez eu apenas não demonstre. Tudo isto apenas me leva à seguinte pergunta: só sou a mesma pessoa se andar triste e a chorar pelos cantos? O que aconteceu foi que eu aprendi a valorizar-me acima de tudo e todos, porque já sofri demais por cuidar mais dos outros do que de mim própria. Apenas decidi que isso tinha de mudar. Acho que cresci e amadureci mais um pouco, principalmente nestes últimos meses, em que muita coisa aconteceu; coisas boas e más. Errei muito e, como consequência, aprendi muito também. Cheguei à conclusão que quanto mais eu demonstrava, mais as pessoas sentiam que me tinham 'na mão' e achavam que podiam brincar comigo, pois tomavam-me como um dado adquirido. Por mais porcaria que fizessem, achavam que quando precisassem de mim, eu ia estar sempre ali para elas. Agora, não deixo de estar lá, mas muita coisa mudou; mudou o facto de muitos acharem que eu era um objeto com que brincavam até se fartarem. Hoje eu não sou mais isso. Foi esta a razão. E eu não me sinto mal com isto, de todo. Sinto-me até orgulhosa de mim, porque, acima de tudo, fortaleci-me. Nestes últimos tempos, todas as coisas que me aconteceram (principalmente as más), foram lições de vida. Apenas não quero voltar a lixar-me por gostar muito de alguém. Prefiro ser surpreendida do que desiludida. Aprendi a dar valor a quem me dá, porque quem não dá, não gosta realmente.
A verdade também é que com esta mudança afastei pessoas que são importantes para mim. Mas pessoas essas que também me dão muitas incertezas; ora estão comigo quando preciso, ora voltam a afastar-se para voltar a deitar-me abaixo. Quando tentei tornar-me melhor do que nunca e tentei ser feliz, foi isto que aconteceu. Dói ouvir coisas que nunca pensámos ouvir de pessoas que costumavam cuidar de nós; que costumavam importar-se connosco. Pelo menos eu achava isso. E dói, dói muito. E aqui estou eu, sem nada fazer para inverter a situação. Mas não me arrependo. Não me arrependo porque estou de consciência tranquila, sei que nada fiz para além de "moldar-me ao meu gosto". Apenas me afetei a mim, apenas mexi comigo própria. Não tentei deitar ninguém abaixo, ao contrário do que fizeram comigo. Não apontei defeitos a um amigo como se eu fosse perfeita, ao contrário do que fizeram comigo. Estou diferente e não o nego, as circunstâncias obrigaram-me a mudar consoante os obstáculos que me foram aparecendo à frente. Os verdadeiros amigos acompanham as mudanças uns dos outros, porque percebem e apoiam.
Desta vez, não serei eu a pedir desculpa. Não fui eu que te deitei abaixo, não fui eu que te dirigi palavras menos simpáticas nem fui eu que falhei. Agora vai ser assim. Já corri atrás tempo demais. Está na altura de as pessoas provarem que se importam e preocupam comigo e provarem que realmente gostam de mim. Porque apenas dizer da boca para fora é muito fácil. E acredita, nunca quis que isto fosse assim, que isto terminasse assim. E acredita também que, se me deixares ir, eu não voltarei.
1 comentário:
Tenho muito orgulho em ti e na pessoa que te tornaste, não se podem agradar a gregos e a troianos, se estás feliz assim, só isso é que deve pesar na balança. Não mudaste por causa de alguém ou porque te mandaram, mudaste porque as circunstâncias assim o exigiram!
Eu prometo que vou estar sempre do teu lado, vou estar lá a acompanhar cada mudança da tua vida, eu vou-te apoiar, vou amar e vou odiar contigo, sempre juntas!
"Ninguém pode ser escravo de sua identidade: quando surge uma possibilidade de mudança é preciso mudar."
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